[por Priscylla Moro, diretora da Brazbio]
O Brasil, historicamente conhecido como um grande exportador de commodities, tem enfrentado o desafio de se posicionar de forma mais competitiva na cadeia de valor global. Embora seja um dos países com maior biodiversidade do mundo, com cerca de 25% de toda a biodiversidade identificada e mapeada no planeta, o país ainda importa muitos produtos manufaturados de alto valor agregado, ocupando uma posição de baixo valor na cadeia produtiva global.
Esse cenário evidencia o enorme potencial do Brasil para se tornar uma potência verde, explorando de maneira sustentável seus vastos recursos naturais. O desenvolvimento da sociobioeconomia é uma estratégia promissora para alavancar esse potencial. Esse desenvolvimento deve ser impulsionado por políticas públicas que promovam investimentos em ciência e tecnologia, além de infraestrutura adequada que favoreça arranjos industriais, tornando o Brasil mais competitivo no mercado externo.
Para atingir esse objetivo, é fundamental que o crescimento econômico seja inclusivo, gerando valor não apenas para o país, mas também para as comunidades locais onde essas atividades são realizadas. A sustentabilidade deve estar no centro dessas estratégias, garantindo que o desenvolvimento econômico não ocorra à custa do meio ambiente, mas em harmonia com ele.
Apesar de alguns avanços significativos terem vindo da iniciativa privada, como no caso do desenvolvimento de ativos importantes da biodiversidade brasileira, como o jaborandi, que gera a pilocarpina, utilizada no tratamento de diversas condições de saúde como glaucoma, xerostomia e presbiopia, há um espaço significativo para que políticas públicas possam escalar esses avanços. A bioeconomia, quando desenvolvida de maneira estratégica, pode trazer vantagens competitivas ao Brasil no cenário global, especialmente em uma agenda verde e voltada para o ESG (Environmental, Social, and Governance).
A sustentabilidade, a inovação e a tecnologia são pilares essenciais para a nova industrialização do Brasil. O país tem todas as condições de liderar uma transição para uma economia mais verde e sustentável, aproveitando sua biodiversidade única e fortalecendo seu papel no cenário global por meio de políticas públicas robustas e uma estratégia de desenvolvimento que seja inclusiva e ambientalmente responsável.